Catecismo: Ensinamentos Básicos da Fé Ortodoxa
Ensinamentos Básicos da Fé Ortodoxa, adaptados
do Catecismo do Arcebispo Metropolitano
Sotirios (Metrópole Ortodoxa Grega de Toronto,
Canadá).
Esta adaptação é utilizada na iluminação dos catecúmenos
da Paróquia Ortodoxa Santa Mártir Zenaide (Patriarcado
de Moscou, Rio de Janeiro), traduzido e organizado
pelo Diácono Marcelo (Paiva), sob orientação do Rev.
Presbítero Vasyli (Gelevan), reitor da Paróquia.
Prefácio
Ao final de cada lição, há uma breve oração. Por favor, não
apenas leia estas orações, mas também busque vivê-las e
enviá-las para o céu com toda a força de sua alma, para o
seu próprio benefício e para o benefício de todos.
Antes de começar a estudar as lições de seu catecismo,
sempre fique de pé, faça o Sinal da Cruz e ore:
"Cristo, que é a luz verdadeira, que ilumina e santifica todo
ser humano, abra os olhos da minha mente, a fim de que
eu possa compreender corretamente as lições
deste Catecismo.
Toque meu coração com a Sua verdadeira luz, para que eu
possa receber não só os Seus mandamentos, mas também
Tu mesmo como meu Senhor e meu Deus.
Venha e fique conosco, santifica-me e salva-me. Amém."
Catecismo: Ensinamentos Básicos da Fé Ortodoxa
Em termos de bens materiais, o Brasil é um paraíso
terrestre. Mas ainda assim as coisas são difíceis para os
cristãos ortodoxos. Eles constituem um rebanho muito
pequeno, suas igrejas são poucas, e são administradas de
acordo com as jurisdições organizadas por
nacionalidade. A religião não é ensinada nas escolas, só nas
Igrejas e nas aulas de educação religiosa. A Televisão, o
rádio e imprensa estão cheios de ideias não ortodoxas.
É então com dificuldade que a água límpida
da Ortodoxia flui em almas sedentas.
Mas então temos este catecismo. Ele é para você e para
cada cristão. É para todas as criaturas de Deus.
Você vai encontrar nele todas as verdades básicas da
Ortodoxia, que cada cristão ortodoxo deve conhecer e
praticar.
Leia-o. Abra seu coração e aceite a água vivificante da
nossa fé. Sacie a sua sede com ele. Siga a Cristo na Terra e
rumo à eternidade. Deus esteja com você.
Introdução
As páginas seguintes são catequéticas; isto é, sua finalidade
é catequizar, instruir religiosamente, aqueles que estão
ouvindo.
Mas o que é o catecismo?
A palavra é derivada do verbo grego katechein, um verbo
composto que significa aquilo que ecoa para baixo, aquilo
que foi dito a partir do topo.
Consequentemente, o catecismo é um som vindo de cima.
Mas o que isso realmente significa?
Para determinar uma resposta mais precisa, podemos dizer
que isso significa que o catecismo é a voz é vinda do céu.
A voz de Deus.
Mas é Deus que fala conosco e é Ele que Se faz presente
durante as aulas de catequese? Nós realmente podemos
ouvir a voz de Deus?
Sem dúvida: Deus está presente, pois Ele está sempre
presente em todo e qualquer lugar. Então, durante as aulas
de catequese Deus fala até nós através da boca, da letra do
catequista.
Se olharmos mais de perto, a catequese é o ensino
sistemático que nos ensina o que devemos acreditar, como
nós devemos acreditar, e como devemos nos comportar.
Isto é, o que deve ser a nossa conduta e quais devem ser os
nossos atos, e como nós, como cristãos devemos adorar a
Deus, a fim de sermos digno do nome “cristão”.
Nos primeiros séculos do cristianismo, quem desejava se
tornar cristão teria que receber uma instrução religiosa
antes de ser batizado.
Eles então tinham que receber um aprendizado muito consistente sobre a sua religião a fim de tornar-se um dos membros da Igreja. Mas a instrução que recebiam não era apenas um conhecimento puro e simples.
Eles tinham que aceitar a fé e estarem prontos para tornála parte de suas vidas.
Eles tinham que aprender as doutrinas e os princípios
morais de sua religião, e eles tinham que saber o que
estavam recebendo no batismo, para saber então para onde
estavam indo, quais eram os seus deveres e obrigações e
também quais eram seus direitos e benefícios.
Esta instrução antes do batismo foi então chamada de
catecismo.
Aqueles que participavam deste ensino e aceitavam seus
ensinamentos eram chamados catecúmenos.
A Divina Liturgia em si foi dividida em duas partes, a
primeira parte para os catecúmenos e a segunda parte para
os fiéis.
Os catecúmenos permaneciam apenas durante a primeira
parte da Liturgia.
Depois que eles iam embora, pois eles não podiam
participar da Liturgia dos Fieis e, naturalmente, eles não
podiam receber a Sagrada Comunhão, do Corpo e Sangue
de Cristo, uma vez que não eram batizados e por isso
mesmo ainda não eram membros da Igreja, os membros da
religião cristã, os membros do Corpo Místico de Cristo.
Essa classe ou grupo de catecúmenos mais tarde foi sendo
reduzida, porque o batismo infantil havia sido
introduzido.
Uma criança era então batizada poucos dias ou meses
após o seu nascimento, como é ainda a prática de hoje.
Mas a criança neófita ou recém-batizada, mesmo sendo ela
batizada e nisso sendo membro da Igreja e do Corpo
Místico de Cristo, não havia recebido o ensinamento a
respeito da sua religião.
Então, esta criança tinha também, como os catecúmenos,
de ser instruída, mesmo após o batismo, ou seja, ela tinha
que ser ensinada na fé em Cristo e a respeito dos princípios
morais de sua fé.
Esta obrigação de instruir a criança em sua religião fez
crescer a responsabilidade do padrinho e da madrinha,
assim como a da participação dos pais.
Contudo, será que todos os padrinhos e pais têm um
conhecimento correto sobre a religião cristã?
Será que eles estão em posição de dar uma instrução
religiosa realmente boa para a criança?
Certamente, se eles são cristãos devotos, já está tudo muito
bem, porque vão ensinar a criança principalmente através
do seu exemplo.
No entanto, a Igreja sempre percebeu a necessidade de
ensinar a fé em Cristo, ensinar os princípios morais do
cristianismo, e os deveres e os direitos dos cristãos, mesmo
àqueles que já haviam sido batizados.
Nos capítulos que vão se seguir, tentaremos, em termos
simples fazer a mesma coisa.
Siga estas lições e você vai descobrir o que você deve fazer
e aquelas coisas que você não sabe sobre a nossa religião
cristã.
Ore para que Deus ilumine o seu catequista, para que ele te
ensine corretamente e nisso possa abrir o seu coração para
que você aceite seu ensino, a Sua Palavra, como uma
verdadeira semente da Verdade que cai em solo fértil para
que ele possa dar frutos abundantes.
Oração:
Catecúmenos:
Ó Cristo, que é a Verdade, a Vida e o Caminho, a luz verdadeira
que ilumina cada um que vem ao mundo, faça com que a Luz do Seu
Conhecimento Divino brilhe em nossos corações e abra os olhos de
nossas mentes e ilumine os nossos corações para que possamos
entender seus ensinamentos e aceitar a Tua Palavra.
Fiéis:
Apesar de sermos batizados, somos também pecadores. Antes que
deixemos esta terra pela morte, permita a nós nos voltarmos para Ti,
para que possamos ofertar a Ti o nosso coração, para que ele se torne
Seu.
Faça-nos que acolhamos a Ti dentro de nós, e que Tu permaneças
conosco.
Faça de nós os ramos que se juntam a Ti, que É a Videira, para
que possamos dar muitos frutos e labutarmos para a nossa salvação.
Tema 1: Religião, Cristianismo
A religião é o relacionamento e a comunicação do homem
com Deus.
Por sua própria natureza, o espírito do homem se volta
para Deus, sua origem e sua meta última e definitiva.
Entre o homem e Deus existe um forte vínculo místico,
como podemos compreender por analogia observando o
vínculo entre a criança e seu pai ou sua mãe. Deus ama o
homem constantemente, sempre e para sempre, e o
homem em seu estado natural busca o amor de Deus e
oferece a Ele a sua obediência.
O homem quer fazer a vontade de Deus.
Este é o estado natural das coisas. E esta é a maneira como
as coisas eram antes da desobediência e queda do homem.
Depois que a desobediência e queda, essa natural relação
entre o homem e Deus se fez enfraquecida. Desde então
um tipo especial de cultivo desta busca por vinculo se fez
necessária. E assim a religião, que é natural ao homem,
necessita deste zelo, um zelo por amor a Deus e orientado
por Ele, porque somente Deus é capaz de orientar este
cultivo corretamente, a fim de nisso trazer o homem
decaído de volta para a aquela alta posição que
anteriormente lhe era natural.
Infelizmente, o homem frequentemente cria, por suas
próprias ações, os mais variados obstáculos para a
edificação da obra de Deus.
O homem deve ter boa vontade e ser receptivo às ações e
dons de Deus. Quando o homem se coloca no caminho
com o seu ego e orgulho, ele estraga as coisas. A tendência
natural do homem para amar a Deus e aceitar Seus dons é
então suprimida e quase apagada. Ele próprio se torna o
criador de uma religião distorcida, na qual a verdade é
misturada com a mentira. E assim temos o fenômeno da
existência de tantas religiões, religiões feitas pelo homem e,
porque são feitas pelo homem, não são perfeitas.
Esta é a principal diferença entre a religião cristã e outras
religiões. As outras religiões começam a partir de homem e
tentam ir em direção a Deus.
A religião cristã começa a partir de Deus e vai em direção
ao homem. Nas outras religiões o homem tenta encontrar
a Deus.
No cristianismo, Deus torna-se Deus-homem e Se revela
ao homem. Uma vez que ninguém pode conhecer a Deus,
assim como Deus conhece a Si mesmo, quando Deus se
revela nós temos a verdade real e não engano.
O que devemos fazer, então, é aceitar a verdade que Deus
nos oferece.
Mas mesmo a este respeito, infelizmente, o homem
frequentemente coloca entraves no caminho. Ele passa a
ensinar e ensina coisas que não são reveladas por Deus.
Ele então se torna um herege.
Essa motivação surge de quem deseja criar doutrinas e
ensinamentos que não são encontrados na revelação divina
ou que rejeitam as doutrinas e ensinamentos que são
encontradas nela.
Por exemplo, podemos ver isso com os católicos romanos
com sua doutrina da infalibilidade do Papa, assim como
nos casos dos protestantes, que ensinam que a Sagrada
Comunhão não é o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo,
mas simboliza o Corpo e o Sangue de Cristo, embora o
próprio Cristo tenha dito: "Este é o meu Corpo" e "Este é
o meu Sangue.”.
Dissemos no inicio que a religião é natural ao homem. E
podemos dizer que este é um fenômeno universal.
Plutarco diz: "Quando viajamos, podemos encontrar
cidades sem muralhas, inculta, sem um rei, sem palácios,
sem dinheiro, sem mesmo ter a necessidade de instituição
de uma forma primitiva de moeda corrente, sem teatros
ou estádios esportivos. Mas ninguém verá uma cidade sem
ter ao menos um Templo Sagrado ou ter desenvolvida a
crença em Deus.”.
É possível, porém, alguém para observar que o que
Plutarco está dizendo não se aplicava a todos nós até
muito recentemente, pois se você fosse há alguns anos
para a Albânia, você não conseguiria encontrar nem igrejas
nem a ideia da crença em Deus. E era a lei quem
determinava que este estado de coisas era o que havia de
mais correto. Contudo, tal realidade era imposta, apenas
superficialmente era assim. Ninguém poderia saber no que
os albaneses realmente acreditavam no seu interior, pois
eles não podiam expressar sua fé. Tudo relacionado à
crença era ofuscado pelo medo e oprimido pela instituição
da mais severa forma de escravidão. A Religião tinha sido
abolida por lei.
Isso também aconteceu na China entre 1966 e 1979. Mas
pela Misericórdia de Deus as coisas mudaram em muitos
desses lugares. Mas apesar disso, a pregação do ateísmo
marxista suprimiu a tendência religiosa natural das pessoas
e nisso destrói mesmo o estado natural do homem, isto
porque sem a menor dúvida, ferir a liberdade de religião é
um meio de ferir a natureza do homem.
Oração:
Ó Senhor Jesus Cristo, que se tornou homem e revelou-se como Deus,
revelando a nós pecadores o Seu Pai e Seu Santo Espírito, a despeito
de nossos tantos pecados. Envie Seu Espírito Santo como o orvalho
da vida, abrindo os nossos corações ao recebermos o seu toque, para
que desta maneira possamos aceitar a Sua Revelação Divina e assim
viver a vida natural em Sua religião. Faça-nos O adorar
corretamente, e que a nossa alma Te busque, faça com que os nossos
corações batam por você, e que a nossa respiração seja nisso um ato de
louvor a Ti. Que então, nós, os malvados, venhamos a fazer o bem,
que nós os mentirosos venhamos a aceitar a Verdade, que nós, os
orgulhosos e os egoístas nos tornemos humildes e sensatos, para que
então sejamos capazes de aceitar a Sua Revelação Divina. Amém!
Tema 2: Outras religiões e o Cristianismo.
Quantas religiões existem no mundo? Muitas. Podemos
fornecer um número exato? Não.
Podemos, no entanto, dividir as religiões em três classes:
Estes são a monoteísta, a politeísta, e a panteísta.
A característica das religiões monoteístas é a crença em um
único Deus, e alguns exemplos deste tipo de religião são o
Judaísmo e o Islamismo.
As religiões politeístas são aquelas marcadas pela crença
em muitos deuses, e tais são a adoração das estrelas, o
culto de adoração dos animais, plantas e outros.
As religiões panteístas são o Bramanismo, Budismo, e
outras, e sua característica é a crença de que o universo é
Deus, e que o universo ainda que sendo divino, permanece
passivo e não tem uma personalidade própria.
O Cristianismo é distinto de todas as religiões acima.
Os cristãos acreditam em um Deus, pessoal.
Às vezes as pessoas fazem uma confusão, e em especial os
não cristãos, acusam os cristãos de acreditarem em três
deuses: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
É verdade que acreditamos no Pai, no Filho e no Espírito
Santo, mas estas Três Pessoas são um único Deus. Um
Deus trinitário.
Vamos explicar isso mais tarde, quando lidarmos com as
Três Pessoas da Santíssima Trindade. Neste momento,
devemos ter em mente que o nosso Deus é Um, mas em
Três Pessoas.
O Cristianismo, como já foi dito no primeiro capítulo em
deste catecismo, tem uma origem divina.
Foi revelado ao homem por Deus. Foi revelado e ensinado
ao homem por Cristo, que Sendo perfeito Deus, tornou-se
homem perfeito.
Mas o Cristianismo não foi dado ao homem desde o início,
pois Deus agiu pedagogicamente, de modo parecido como
agem os tutores de uma criança ou em uma melhor
analogia, aos atos dos professores para com os seus
alunos.
Deus então primeiro orientou os homens através do
judaísmo. Quando a plenitude dos tempos veio, então, Ele
enviou Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, que tornando-Se
Homem, ensinou a humanidade a Verdade Plena.
O Judaísmo, ainda que tenha sido ofertado por Deus não
era, nem é, uma religião perfeita.
Este foi mesmo a preparação pedagógica para a Vinda do
Cristo, e seus ensinamentos são úteis apenas se
complementados pelo Cristianismo.
O judaísmo é então como um esboço. Para que este se
torne uma pintura acabada, deve aceitar o Cristianismo. O
judaísmo é o amigo do noivo, mas não é O Esposo.
O Noivo é Cristo e o Cristianismo. O judaísmo é o
anoitecer, não é o Sol. O sol é O Cristo. O Cristianismo é a
luz do dia, o sol brilhante.
O cristianismo ensina a Verdade. Mas de onde vem essa
Verdade?
Ele vem da Revelação Divina, tanto oral como escrita.
A Revelação oral é a Sagrada Tradição, e a revelação escrita
é a Sagrada Escritura, e tanto a Sagrada Tradição quanto a
Sagrada Escritura são iguais em peso.
A Santa Tradição é cronologicamente mais velha do que a
Sagrada Escritura.
Por exemplo, os Profetas falaram primeiro e depois suas
palavras inspiradas eram registradas.
Com O próprio Cristo, temos que as Suas palavras foram
escritas pelos evangelistas, muitos anos depois, alguns anos
depois do Seu sacrifício na Cruz e da Sua Ressurreição. E
os Apóstolos, falaram e ensinaram o Cristianismo, mas
nem todos escreveram cartas.
Só a Sagrada Tradição pode transmitir as verdades divinas
que não estão escritas na Bíblia. E é apenas Santa Tradição
que pode interpretar corretamente as Sagradas Escrituras.
Quando a Sagrada Tradição é rejeitada e apenas as
Escrituras Sagradas são aceitas como a base da nossa fé
(como se as Sagradas Escrituras fossem uma literatura
comum), a unidade da fé é abalada.
E tal erro é o que torna possível o fenômeno das igrejas
protestantes, fenômeno iniciado ainda no século XVI
como um movimento unificado, mas que nos tempos de
hoje se subdivide em mais de vinte mil igrejas, todas
protestantes, mas uma separada da outra, e por muitas
vezes lutando umas contras as outras.
A Santa Tradição nos mantém unidos - ou seja, a autêntica
Santa Tradição.
E a arca da Sagrada Tradição é a própria Igreja. E tal
Verdade explica a admoestação de São Paulo sobre
"manter e conservar as tradições.”.
Então ensinamos inequivocamente que o Cristianismo
caracteriza como fontes da Verdade a Santa Tradição e as
Sagradas Escrituras.
Também caracterizamos as Sagradas Escrituras pela
denominação simples de “Bíblia”. E quando dizemos isso,
estamos considerando a Bíblia como a junção do Antigo
Testamento e do Novo Testamento.
O Antigo Testamento é composto por quarenta e nove
livros, que foram escritos por vários escritores inspirados
por Deus.
Todos estes livros foram escritos em aramaico. Eles foram
traduzidos para o grego e esta tradução é conhecida por
nós como a Septuaginta (Tradução dos Setenta).
O Antigo Testamento é a aliança entre Deus e os hebreus,
a aliança que contém todas as condições em que as pessoas
poderiam ser orientadas para o Cristo e à salvação.
O Novo Testamento é composto de vinte e sete livros,
todos escritos na língua grega, e é a nova aliança entre
Deus e a humanidade, aliança que foi feita com a
encarnação de Cristo e foi assinada e selada com o Seu
sacrifício na Cruz e com a Sua Ressurreição.
Em essência o Cristianismo ensina a Verdade de Cristo,
sendo Ele mesmo a Verdade e a Vida.
Quem quiser estar vivo como um cristão deve permanecer
unido a Cristo, pois Ele é a Videira e os cristãos são os
ramos. Quando está unido com Cristo, o cristão vivencia a
vida em abundancia, como seiva da videira.
Oração:
Ó Nosso Cristo, que É a Verdade, o Caminho e a Vida, nós Te
agradecemos por ter revelado-se a nós e por nos ter dado a Sagrada
Tradição e as Sagradas Escrituras. Dai-nos uma mente clara e fé
sincera com a qual a estudar a Sua Palavra e crescer espiritualmente
nela. Permanece conosco e nos mantém unidos com o Senhor, para
que possamos desfrutar da vida abundante, a Vida eterna. Amem.
Tema 3: A Tradição na Igreja Ortodoxa (parte 1)
* O tema Tradição na Igreja Ortodoxa abrange a Tradição
Apostólica, a Tradição Patrística e as Tradições nascidas da
vivencia na fé da própria Igreja, de suas contribuições
locais e confirmadas universalmente. Nesta primeira parte,
trataremos da definição mais geral do que é a Tradição, e
uma exposição sobre a Tradição Apostólica. (Diácono
Marcelo)
A Tradição na Igreja Ortodoxa: Terminologia e
significado.
A "tradição" vem do termo latino traditio, que tem como
equivalente o termo grego paradosis, do verbo paradido, que
significa dar, oferecer, entregar, realizar caridade.
Em termos teológicos, Tradição significa o ensino ou
qualquer prática que tenha sido transmitida de geração em
geração ao longo da vida da Igreja.
Paradosis é a própria vida da Santíssima Trindade, como foi
revelado pelo próprio Cristo e testemunhado pelo Espírito
Santo.
As raízes e os fundamentos dessa tradição sagrada podem
ser encontrados nas Escrituras.
Pois é somente nas Escrituras que podemos ver e viver a
presença das três Pessoas da Santíssima Trindade, do Pai,
do Filho e do Espírito Santo.
São João Evangelista fala sobre a manifestação da
Santíssima Trindade:
"Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e
testificamos dela, e mostrar-vos que a vida eterna, que
estava com o Pai e nos foi manifestada" (1 João 1:2).
A essência da tradição cristã é descrita por São Paulo, da
seguinte forma:
“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe,
já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a
nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e,
derrubando a parede de separação que estava no meio, Na
sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em
si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela
cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando
com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a
vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; Porque
por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo
Espírito.” (Efésios 2:13-18)
Ele também deixa claro que essa doutrina trinitária deve
ser aceita por todos os cristãos:
A Tradição Apostólica.
Os teólogos chamam esse ensinamento das Escrituras de
"Tradição Apostólica". Ela engloba o que os Apóstolos
viveram, viram, testemunharam e, mais tarde isso foi
registrado nos livros do Novo Testamento.
Os bispos e presbíteros, nomeados pelos Apóstolos como
seus sucessores, seguiram o seu ensino à risca. Aqueles que
se desviaram deste ensinamento apostólico foram cortados
da Igreja.
Esses tais que foram cortados da Igreja foram
considerados hereges e cismáticos, pois eles acreditavam
em algo diferente daquilo ensinado pelos Apóstolos e seus
sucessores, separando-se assim da Igreja.
Isso coloca em foco a Igreja como o centro da unidade de
todos os cristãos.
Esta é a característica eclesiástica ou eclesiológica da
Tradição.
A Igreja é a imagem e reflexo da Santíssima Trindade uma
vez que as três pessoas da Santíssima Trindade Vivificante,
habitam e agem na Igreja. O Pai oferece o Seu amor, o
Filho oferece Sua obediência, o Espírito Santo é o seu
conforto. Somente na Igreja histórica é que podemos ver,
sentir e viver a presença da Santíssima Trindade no
Mundo.
Ao descrever esta realidade São Paulo escreve:
“E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e
aos que estavam perto; Porque por ele ambos temos acesso
ao Pai em um mesmo Espírito”.
Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que
Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o
edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no
Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados
para morada de Deus em Espírito." (Efésios 2:17-22).
A unidade da Santíssima Trindade, sendo a realidade
fundamental da Igreja, também exige uma verdadeira
unidade entre todos os seus membros.
Todos os membros da Igreja vivem no vínculo do amor e
da unidade através da Santíssima Trindade.
Esta verdade é descrita por São Pedro:
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora
sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia,
mas agora alcançastes misericórdia.”. (1 Pedro 2: 9-10).
Esta Igreja foi estabelecida como uma realidade histórica
no dia de Pentecostes, com a descida do Espírito Santo
sobre os Apóstolos:
“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos
concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu
um som, como de um vento veemente e impetuoso, e
encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram
vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as
quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios
do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.”
(Atos 2: 1-4)
Somente nesta Igreja, onde a Santíssima Trindade vive e
age constantemente, pode se estabelecer o ensinamento de
Cristo, a revelação da verdade, que foi recebida e
transmitida pelos Apóstolos, é na Igreja em que esta
revelação é cumprida e sustentada.
Assim, a verdade em sua plenitude não existe fora da
Igreja, pois fora dela não haveria nem as Escrituras, nem a
Tradição.
É por isso que São Paulo admoesta os Gálatas que mesmo
que um anjo do céu pregue outro evangelho para eles, tal
deve ser condenado:
“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já
recebestes (parelavete) seja anátema" (Gálatas 1:8-9).
E o mesmo São Paulo escrevendo ao seu discípulo
Timóteo, o insta a seguir rigorosamente os "preceitos da
nossa fé" e as "instruções” que recebeu dele e evitar "mitos
ímpios" (1 Tm 4: 4-7).
Ele também adverte aos Colossenses para evitar a
"injunções e ensinamentos meramente
humanos" (Colossenses 2:22), e seguir a Cristo:
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim
também andai nele, Arraigados e edificados nele, e
confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela
abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
(Colossenses 2:6-8).
E foi esta tradição, justamente Apostólica, que foi
transmitida pelos Apóstolos aos seus sucessores, os bispos
e os presbíteros.
São Clemente, Bispo de Roma (século II dC) e,
provavelmente, um discípulo dos próprios Apóstolos,
descreveu esta verdade histórica:
"Os apóstolos pregaram a nós o Evangelho recebido de
Jesus Cristo, e Jesus Cristo foi o embaixador de Deus.
Cristo, em outras palavras, vem com uma mensagem de
Deus, e os Apóstolos com uma mensagem do Cristo.
Ambas as medidas ordenadas, portanto, originam da
vontade de Deus.
E assim, depois de receber suas
instruções e sendo plenamente asseguradas através da
Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como
confirmados na fé pela palavra de Deus, saíram equipados
com a plenitude do Espírito Santo para pregar a boa
notícia de que o Reino de Deus estava próximo, indo de terra em terra, de cidade em cidade para pregar, e entre os
convertidos, nomear aqueles homens testados pelo
Espírito a agir como bispos e diáconos dos futuros
crentes" (Carta aos Coríntios, cap. 42).
Pode-se ver claramente como a mensagem da salvação
proveniente de Deus, o Pai, foi ensinado por Jesus Cristo,
pelo testemunho do Espírito Santo, pregado pelos
Apóstolos e foi transmitida por eles para a Igreja através
do clero, nomeados pelos próprios apóstolos.
Assim se
tornou a "tradição infalível da pregação apostólica", como
foi expressa por Eusébio de Cesaréia, Bispo do século IV,
que é considerado o "pai" da História da Igreja (História da
Igreja, IV, 8).
Oração:
Ó Nosso Cristo, que É a Verdade, o Caminho e a Vida, nós Te
agradecemos por ter revelado-se a nós e por nos ter dado a Sagrada
Tradição e as Sagradas Escrituras. Dai-nos uma mente clara e fé
sincera com a qual a estudar a Sua Palavra e crescer espiritualmente
nela. Permanece conosco e nos mantém unidos com o Senhor, para
que possamos desfrutar da vida abundante, a Vida eterna. Amém.

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